NICHOLLAS EDSON: Brasil cala o Centenário com goleada de 4 a 0 sobre Uruguai

Seleção de Dunga quebra um tabu de 33 anos (sete jogos) sem vencer em Montevidéu

A vitória expressiva do Brasil sobre o Uruguai por 4 a 0 neste sábado em Montevidéu - gols de Daniel Alves, Juan, Luís Fabiano e Kaká- pôs a Seleção Brasileira em excelente posição na tabela das Eliminatórias, com os mesmos 24 pontos do Paraguai, e à beira da classificação à Copa do Mundo de 2010, o que pode ser ratificada com uma vitória sobre o Paraguai na quarta-feira, no Estádio do Arruda, em Recife.
A categórica goleada reabilitou ainda várias gerações de brilhantes jogadores que durante 33 anos e sete jogos, desde fevereiro de 1976, não conseguiram vencer os uruguaios no Estádio Centenário, em Montevidéu. No dia 6 de junho de 2009, coube a uma geração que sequer havia nascido à época quebrar um jejum que não condizia com a supremacia que o futebol brasileiro tem no cenário mundial.
Os 4 a 0 do Brasil, mais do que inquestionáveis, não refletiram à perfeição o que foi de verdade a superioridade da equipe. O resultado poderia ter sido maior, não fossem um pênalti não assinalado em Luís Fabiano e dois gols que o atacante esteve perto de marcar.
A vitória serviu, principalmente, para mostrar de vez que a Seleção Brasileira encontrou o seu melhor padrão de jogo, exibindo um futebol que envolveu completamente os lutadores mas impotentes uruguaios, sem saber como conter a maior categoria dos jogadores brasileiros.
Daniel Alves, Juan e Julio Cesar se destacam no primeiro tempo
Daniel Alves abriu o caminho para a Seleção Brasileira logo aos 11 minutos. O jogo começou muito disputado no meio-campo, sem que os dois times criassem lances de perigo, até que Daniel Alves arriscou um chute de longe no péssimo gramado do Estádio Centenário - a trajetória da bola enganou o goleiro Viera, que falhou no lance.
O 1 a 0 desfavorável no placar estimulou o Uruguai a buscar a reação - na base da vontade, conseguiu pressionar time brasileiro no seu campo durante algum tempo. Foi a vez então de Daniel Alves aparecer para salvar dois gols que seriam certos do adversário.
Daniel Alves, Juan e o goleiro Julio Cesar acabaram como os personagens do jogo no primeiro tempo. Juan, que já fazia perfeita partida, com antecipações no momento exato, e segurança na interceptação das bolas, tanto pelo alto como rasteiras, coroou a sua grande atuação com um gol bem ao seu estilo, com uma cabeçada resultado da sua excelente impulsão.
Na cobrança de um escanteio Juan subiu mais do que os zagueiros uruguaios e cabeceou para boa defesa de Viera. Na sequência do lance, novo cruzamento de Elano para, dessa vez, Juan subir mais do que o goleiro e cabecear para marcar o segundo gol do Brasil.
A jogada toda, vale ressaltar, foi exaustivamente exercitada por Dunga nos treinamentos na Granja Comary. Juan destacou a eficiência da jogada ensaiada.
- Fui feliz no lance, consegui o gol, em lance que a gente treinou muito na Granja.
Depois de Daniel Alves e Juan, foi a vez de Julio Cesar aparecer como destaque. Nos momentos de pressão do Uruguai, mostrou toda a sua categoria de goleiro excepcional ao salvar a Seleção Brasileira em vários lances - no principal deles, o goleiro fez defesa poucas vezes vista em chute de Pereira à queima-roupa..
No segundo tempo, futebol envolvente para chegar à goleada
O Brasil jogou melhor ainda no segundo tempo. E soube tirar proveito do desespero dos uruguaios em tentar a reação. Com toque de bola preciso, apesar do gramado ruim, a Seleção Brasileira conseguia encontrar os espaços para construir a goleada.
O lance do terceiro gol deixou evidente a categoria do jogador brasileiro e a sua capacidade de envolver o adversário. A troca de passes começou com Robinho, passou por Kaká, que enganou um marcador antes de passar para Elano, e daí o toque curto para Luís Fabiano. O centroavante mostrou, então, a competência de um artilheiro de ofício: chutou cruzado, forte, sem defesa para Viera - 3 a 0 para o Brasil.
Luís Fabiano passou a ser o novo personagem do jogo. Com excelente movimentação e perfeita noção de colocação na área, o atacante criou duas oportunidades para marcar, que não se concretizaram graças às defesas de Viera. Em mais um lance de área, tentou passar pelo goleiro, caiu, e o juiz interpretou erradamente como simulação de pênalti - já com o segundo cartão amarelo, que o tirava do jogo contra o Paraguai, Luís Fabiano acabou expulso.
A inferioridade numérica não diminuiu a superioridade do Brasil. O time seguiu dominando, criando chances para marcar - Ramires, que entrou no lugar de Elano, quase fez o dele- até Kaká entrar na área e ser derrubado. Aos 28 minutos, Kaká cobrou o pênalti e fez 4 a 0.
Julio Cesar impede o gol de honra do Uruguai
Os torcedores uruguaios começaram a abandonar o Centenário - desistiram do jogo, conscientes do melhor futebol do Brasil. Em campo, ao time adversário restava continuar lutando atrás do gol de honra. Mas aí encontraram em Julio Cesar uma barreira intransponível., Com uma série de defesas que só os grandes goleiros são capazes de fazer, foi o responsável pelo Brasil sair de campo mais uma vez sem tomar gol e dono da defesa menos vazada das Eliminatórias, com cinco gols.
A delegação da Seleção Brasileira deixa Montevidéu depois do jantar, no Sheraton Hotel, e tem chegada prevista para cerca de duas horas da madrugada deste domingo em Recife. Na quarta-feira, o time enfrenta o Paraguai no Estádio do Arruda lotado pela expectativa de mais uma grande apresentação.